O anfitrião cruzou os cômodos verificando se tudo estava bem. Sorria e retribuía comentários passando em direção ao toalete. “Só um momento” disse enquanto adentrava o cômodo. Fechou a porta, trancando-a, deixando lá fora toda a gente. Foi até a pia e abrindo a torneira curvou-se. Com as mãos em concha molhou a face. Ao levantar, abriu os olhos ainda com as mãos na altura do rosto. Deparou-se com a própria imagem refletida no espelho. Por indefinidos centésimos de segundos ele permaneceu estático, até que o impulso o levou a cobrir a boca sufocando um soluço de choro.
O calor das lágrimas perdia-se quando se misturavam com as gotas frias do rosto ainda enxaguado. O pranto e a avalanche de emoção escoavam como a água da torneira ainda aberta. Esforçava-se para conter qualquer sinal que provocasse alarde ao mundo do outro lado daquela porta. Ali, naqueles poucos metros em meio à casa cheia, ele encarou a verdade dentro de si:
Jamais se sentira tão só.