de Lua
as fases de um mundo de pensamentos
7 de julho de 2010
13 de abril de 2010
e se!?
se apenas deixar!
e se eu te consumir?
te tirar do lugar!
será que eu seria só mais um?
que passa na sua vida, mas que não te deixa marca.
não te faria bem algum?
provando que era verdade o que fala.
e se eu te der mais do que espera?
te der o céu e a terra.
vai continuar fugindo de mim?
negando que comigo o seu fim.
para o 3runo
29 de outubro de 2009
Sozinho essa noite.
As pessoas não duram na minha vida. Fico na duvida se eu não me interesso mesmo em manter o contato necessário pra uma relação saudável de amizade ou se não lhes desperto o interesse. Sei que sou péssimo amigo no que se trata de procurar as pessoas. Normalmente me perco em pensamentos reflexivos sobre a minha, pueril, existência. Prefiro a frivolidade das noites em bares e boates a calorosas tardes em cafés e parques. Prefiro uma boa bebedeira a uma caminhada. Adoro me encontrar sobre a luz da lua e odeio sair ao tão supervalorizado sol. Sou uma pessoa difícil, eu diria.
Eu me pergunto se eu seria meu amigo. A resposta, carregada de parcialidade, sempre deixa duvida. Parece que estou sendo simpático como àqueles que se acham meus amigos, mas não são. Por mais que seja alvo de inúmeros elogios dos mais próximos a mim, os poucos que ainda se sustentam, eu tenho meus motivos pra não dar atenção. Eu me conheço. Algumas vezes me levo a sério demais. Algumas outras sou exagerado nas coisas. O desinteresse é algo novo, pelo menos na intensidade. Há momentos em que simplesmente não quero ninguém por perto. Será isso um principio de depressão?
É como se as pessoas se tornassem, cada dia mais, exigentes. Como se me consumissem com suas ações, suas vontades, sua empolgação. É como se seu movimento acelerado e sem controle perturbasse minha letargia. Elas não me entendem e eu não consigo me explicar. Acaba uma gritaria de surdos que só desgasta ainda mais. Acabo não querendo ser entendido e preferindo o silêncio.
As pessoas não duram na minha vida. Fico na duvida se elas preferem passar e seguir ou se eu as afasto.
9 de setembro de 2009
Milagre
Eu não quero mais a minha vida. Cansei. Estou mudando mesmo sem saber como isso vai acabar. O que não posso mais é ficar como estou. Há muita dor, muita frustração e pouco o que eu queira realmente manter. Eu preciso renascer
Um véu. Algo que cobre a quem eu realmente sou. Seja isso medo, desespero, dor, frustração ou o que for já não me contenta mais e se é assim, eu tiro da minha vida. Revendo os momentos que me trouxeram aqui eu vejo apenas um esboço de mim. Não! Não quero mais. Isso tem que acabar aqui. Nada mais de choro pelo desejo a outro. Acabou-se o medo de seguir a diante com minha vida. Serei egoísta com os meus desejos, do mesmo modo que ninguém parou por mim nesses anos todos. Agora é a minha vez de passar por cima do que estiver em meu caminho.
Chega de apenas vislumbrar. É hora de criar meu próprio milagre. Que o destino tenha comandado até agora, ele teve seu tempo. Vou forçá-lo. Eu preciso. Já não suporto mais esperar que o tempo passe por mim e permanecer parado enquanto ele corre levando o mundo consigo. Chega de pensar.
para ouvir: above & beyond presents oceanlab - miracle
para ver: bijknees - miracle
29 de julho de 2009
10 seg. antes do alvorecer
Mesmo se estendendo mais do que o devido, agora a festa havia acabado de vez. A casa, com suas muitas janelas e vãos livres entre os cômodos, estava desarrumada, escura e vazia. Intuitivamente, tinha a consciência de que era a ultima hora antes do alvorecer. Naquele momento em que o frio se intensifica e a noite vai cedendo aos poucos. Não havia relógios, como ele bem sabia. Morava ali a tempo o bastante para já ter se acostumado a isso, mas ainda se surpreendia procurando os ponteiros maratonistas em algum canto. Ele olhou a volta questionando-se como organizaria a tudo.
Sentia-se cansado. Não só pela farra que havia instaurado em sua casa, mas por toda uma carga emocional que desconhecia até então. Os olhos ainda estavam doloridos pelas lágrimas escondidas, mas não faria disso motivo pra deixar a bagunça espalhada e se entregar ao torpor. Precisava limpar a tudo. Interna e externamente. Cada copo, talher, prato e guardanapo que recolhia aprofundavam-no ainda mais nas lembranças. As disputas que deixou de lado por não se achar digno da vitória. Os desejos abandonados após a desilusão. A incerteza sobre si que o paralisava no tempo. A solidão, a dor, o medo.
Entendeu agora que viveu com o sentimento de desespero latejando ao peito por longos anos. Uma força que aperta nos tirando o ar. Que nos deixa sobressaltados, mas inebria nossos sentidos nos deixando a mercê da ilusão, do falso conforto. Pouco lhe importava determinar quando aquilo começou. Trazendo a tona os sentimentos mais obscuros, ele sentiu os olhos arderem com as novas lágrimas que cobriam a face. Continuou arrumando cômodo por cômodo numa expiação silenciosa. Queria passar por aquilo. Acreditava que era preciso experimentar aquela dor chegando ao cerne do que estava acontecendo.
Queria limpar toda a casa, com suas muitas janelas e vãos abertos entre os cômodos, para que quando o sol brilhasse sobre tudo, já não houvesse mais sujeira.
para ouvir: dj tiesto - ten seconds before sunrise
para ver: just mayfly - ten seconds before sunrise
11 de julho de 2009
Doubt
O presságio que escrevi aqui antes me foi soprado ao ouvido numa noite de muita ansiedade. “Atrás da porta” eu guardava algo que me tomaria no futuro próximo e eu nem ao menos percebia. Não sei se era algo que eu meramente não percebia ou se realmente estava antecipando um sentimento ainda por vir. Sei que agora a pequena narrativa vinda durante a madrugada num meio sono é uma realidade. Meu mundo está se distanciando do que era cada dia mais.
Um dia solitário, no qual as pessoas com quem tenho maior afinidade se reunião para algo que não me atraia tanto, enquanto eu buscava uma emoção diferente da que eles poderiam me dar. Uma semana fria com o sentimento de despertencimento latejando ao peito. Esse é o resumo do que provavelmente será assimilado e desfragmentado pela mente reforçando minha idéia de que apenas passei pelos dias seguindo o fluxo.
O que me faz solitário eu ainda não descobri. A despeito da carência afetiva eu agora me preocupo mais com a falta de estimulo pela vida que eu já possuo. Ainda que eu não entenda claramente o que fazer com ela. Ora vislumbro alguns caminhos, ora me encontro completamente no escuro, como agora. Há possibilidades, por efêmeras que essas ainda sejam. Há o desejo, por mais sufocado que ele esteja. Também há duvida, e esta é o que impede a tudo.
“Doubt can be a bond as powerful and sustaining as certainty”
24 de junho de 2009
Atras da porta.
O anfitrião cruzou os cômodos verificando se tudo estava bem. Sorria e retribuía comentários passando em direção ao toalete. “Só um momento” disse enquanto adentrava o cômodo. Fechou a porta, trancando-a, deixando lá fora toda a gente. Foi até a pia e abrindo a torneira curvou-se. Com as mãos em concha molhou a face. Ao levantar, abriu os olhos ainda com as mãos na altura do rosto. Deparou-se com a própria imagem refletida no espelho. Por indefinidos centésimos de segundos ele permaneceu estático, até que o impulso o levou a cobrir a boca sufocando um soluço de choro.
O calor das lágrimas perdia-se quando se misturavam com as gotas frias do rosto ainda enxaguado. O pranto e a avalanche de emoção escoavam como a água da torneira ainda aberta. Esforçava-se para conter qualquer sinal que provocasse alarde ao mundo do outro lado daquela porta. Ali, naqueles poucos metros em meio à casa cheia, ele encarou a verdade dentro de si:
Jamais se sentira tão só.
18 de junho de 2009
O futuro entreaberto
Já se fecharam as portas que deixei entreabertas no caminho. Num instante inesperado, uma lufada de ar, tudo se trancou deixando no passado o que me prendia. Por um momento experimento novamente a liberdade de não saber onde depositar meu desejo. De não tê-lo ligado a ninguém. É como estar em campo aberto e olhar ao horizonte podendo ver por completo a tênue linha que divide céu e terra. Não há montanhas e morros, não há árvores ou prédios. Não há ninguém indo ou vindo. Apenas você e o futuro desconhecido.
A perspectiva é diferente agora. Não creio mais que o caminho me leve à solidão. Ainda que o inquietante desconforto de deixar o desejo a esmo exista, ele agora é brando. Quase prazeroso. Ignoro quase que por completo a expectativa de moldar meu futuro junta a alguém. É algo que já não me parece mais tão importante. Entendo que dediquei muito tempo a essa busca, mas essa Moby Dick já não atrai mais meus sentimentos como antes. Se ela está adormecida, hibernando, esperando o momento certo para um novo ataque, eu não sei. Apenas me preparo, suprindo-me para uma nova jornada.
Não me importo agora o tempo que isso durar. Já me disse outras vezes, mas não me custa nada repetir: Voltarei atrás assim que entender que essa não é uma verdade que eu queira. “As nossas escolhas tem sempre metade de chance de dar certo” disse o poeta e é esse o pensamento vigente. Não me adiantou lutar contra o tempo. Nada resultou a luta contra os momentos que experimentei. Lutar contra a vontade alheia só criou maiores frustrações
Vencendo ou perdendo, eu sairei melhor.