Ando tão perdido em mim que não consigo enxergar ao meu redor. As coisas desandam e eu não sei como agir. Parece que eu me tornei covarde demais pra enfrentar minha própria covardia. Eu tentei me organizar. Empilhei caixa por caixa, papel por papel, juntei todo o lixo. Agora tenho um mundo de coisas a minha volta que não sei como se formou e nem o que fazer com ele. O vento parece que não entra pela janela. Acho que a porta está bloqueada com tanta coisa na frente, mas sentado em meio a mim não consigo ver.
É desanimador estar aqui. Olhando pro teto e só vendo o lustre apagado. A lâmpada está com mau contato e sentado aqui eu não posso trocá-la. Minhas pernas estão dormentes, mas no meio das bugigangas eu não vejo apoio pra me levantar. Eu grito por ajuda, mas ninguém vai me tirar daqui sem bagunçar tudo. É cômodo estar aqui. Olhando tudo vejo que não tenho saída se não desordenar tudo. Eu não gosto de bagunça e por isso não gosto de sair daqui sem que tudo esteja arrumado. Lá fora eles vivem na bagunça, mas aqui eu controlo tudo. Tudo menos a minha coragem.
Ando tão enterrado em mim que não me satisfaço com nada. Por mais que de quando em vez alguém me traga alguma coisa, parece que acaba rápido demais. Já estou ficando com fome. Sede então, nem se fala. Minhas costas doem, mas não encosto. Se encostar tudo desaba, cai na minha cabeça e ai mesmo é que eu fico preso aqui pra sempre. Começo a entender que o jeito vai ser abrir caminho derrubando tudo eu mesmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário