16 de fevereiro de 2009

Desumano

O abismo inexplorado que é minha alma não comporta mais o sentimento de carinho e desejo que eu quero dar alguém. De todas as minhas frustradas tentativas de criar esse laço, as ultimas se tornaram as mais fortes. A intensidade da dor que isso me custa vêm também em igual proporção.

Nunca esperei conquistar o mundo, por mais que eu tentasse muitas vezes. Ainda assim, não me resigno por não ter conquistado ninguém. Nenhum sequer. E logo a comparação com pessoas, as quais eu vejo despreparadas para um relacionamento, me deixa latejando a pergunta: "O que há de errado?”. Não creio que haja um erro, mas algo destoa do que deveria ser. É inaceitável que eu seja tão miseravelmente desprezível a ponto de não ter alguém que me queira. Em meio a minha humana condição eu me cerco de esperanças que só me irritam mais a cada queda. E descubro o quão desumano eu sou em relação àqueles que me rodeiam.

Eu estou me sentindo desgostoso de recomeçar o processo de querer alguém. Tenho tratado as coisas de forma clara e ainda assim elas não saem como o esperado. A soma das frustrações é tamanha que me impele, mais uma vez, a desejar que meu destino me leve definitivamente para a solidão. Um estado que sempre me causou temor, mas que se torna cada dia mais atraente.

11 de fevereiro de 2009

26

Hoje me parece, ironicamente, que quanto mais velho fico, melhor se torna minha visão. Não digo dos olhos simplesmente. Essa visão eu só venho perdendo com o cair das folhas do calendário. Enxergo melhor com sentidos que estão além do óptico. As coisas parecem se despir diante de mim como nunca. Como se a cada olhar e observação toda a história que me trouxe aqui se ordenasse e me apontasse conclusões simples. Hoje me parece que sou alguém de pensamento simples.

O desanimo não passou. O desejo pelo “desconhecido” ainda é presente. Há, contudo, uma inquietante paz. Um sentimento tão desconhecido que abala quando deveria tranqüilizar. As respostas para as constantes duvidas já não são mais importantes. O desconhecido já não causa o mesmo medo. A subida de mais um degrau na vida me faz abandonar as certeza e ver que o incerto em mim não é um grande monstro. É como se crescesse dentro de mim uma tolerância maior para comigo. Hoje me parece que me respeito mais.

No meio termo da vida aprendi a aceitar as escolhas que já fiz e não posso mudar. Meu mundo letárgico não ganhou movimento, mas agora me preocupo mais em olha pra que lado quero ir do que em chegar a algum lugar de fato. Alguns me dizem do tempo que perderei. Eu lhes respondo da satisfação que busco. Entendo que a época das escolhas bem pensadas já se foi, mas entendo também que sempre há escolhas a se fazer. É melhor escolher direito dessa vez. Não para não errar, isso eu ainda farei e muito. Mas, para não acertar no que não me façam sentido. Hoje me parece que quero mais sentido nas coisas.

Pode ser que eu não siga nesse caminho. Amanhã eu posso entender que tudo isso é uma grande bobagem, ou que descobri o sentido da minha vida. Seja como for, estou certo de que vou sempre mudar. Não faz mal, não tenho medo de mudar mais do que já tive. Hoje me parece que me conheço melhor a cada mudança.