Hoje me parece, ironicamente, que quanto mais velho fico, melhor se torna minha visão. Não digo dos olhos simplesmente. Essa visão eu só venho perdendo com o cair das folhas do calendário. Enxergo melhor com sentidos que estão além do óptico. As coisas parecem se despir diante de mim como nunca. Como se a cada olhar e observação toda a história que me trouxe aqui se ordenasse e me apontasse conclusões simples. Hoje me parece que sou alguém de pensamento simples.
O desanimo não passou. O desejo pelo “desconhecido” ainda é presente. Há, contudo, uma inquietante paz. Um sentimento tão desconhecido que abala quando deveria tranqüilizar. As respostas para as constantes duvidas já não são mais importantes. O desconhecido já não causa o mesmo medo. A subida de mais um degrau na vida me faz abandonar as certeza e ver que o incerto em mim não é um grande monstro. É como se crescesse dentro de mim uma tolerância maior para comigo. Hoje me parece que me respeito mais.
No meio termo da vida aprendi a aceitar as escolhas que já fiz e não posso mudar. Meu mundo letárgico não ganhou movimento, mas agora me preocupo mais em olha pra que lado quero ir do que em chegar a algum lugar de fato. Alguns me dizem do tempo que perderei. Eu lhes respondo da satisfação que busco. Entendo que a época das escolhas bem pensadas já se foi, mas entendo também que sempre há escolhas a se fazer. É melhor escolher direito dessa vez. Não para não errar, isso eu ainda farei e muito. Mas, para não acertar no que não me façam sentido. Hoje me parece que quero mais sentido nas coisas.
Pode ser que eu não siga nesse caminho. Amanhã eu posso entender que tudo isso é uma grande bobagem, ou que descobri o sentido da minha vida. Seja como for, estou certo de que vou sempre mudar. Não faz mal, não tenho medo de mudar mais do que já tive. Hoje me parece que me conheço melhor a cada mudança.
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