15 de dezembro de 2007

Cartas ao Vento.

Nesse exílio que me vejo, sinto-me cada dia mais anormal ao que me entendia. Percebo que passei tempo demais em Arcádia, e que aqui, no que chamam “realidade” muitos dos meus conflitos são desinteressantes.

Não me vejo em tempo de imaginar e devanear como antes, e por tanto, não mais crio confusões que só me tiravam o juízo. Sei que, por mais incomum que eu seja, juízo é a única coisa a qual me ative até agora. Mesmo que não seja do modo comum de me ver ajuizado. A realidade me toma grande parte do dia, e quando me dou conta a estafa abate-se sobre mim e num piscar, outro sol já nasce. As pedras da ampulheta sempre se apressavam no final da primavera, mas esse solstício parece-me ainda mais próximo que antes.

Sonho ainda com o Reino da Fadas. Ainda me deixo levar por alguns portais que surgem nos meus dias, mas não todos. De quando em vez, surpreendo-me adivinhando se há um companheiro para a Lua em meio à escuridão da noite.

Lua, oh Lua! Eu te dou meu amor. Dê sua força a mim!

Meus sentimentos ainda perduram, e agora que dia a dia me vejo mais distante de meus iguais, a solidão me invade e se instala como companheira legitima. A mesma que sempre esteve ao meu lado, mesmo que eu não a notasse. Isso me lembra uma passagem na qual um de meus amigos elficos dizia-me de sua vida independente.

“Difícil é viver com a ilusão de que todos têm um par. Minha independência ninguém tirou, mas por medo e não por resistência.”

Resolvi testemunhar isso aqui em prosa, não mais um poema, se assim posso chamar minhas canções. Já cri demais que sei o papel dos bardos. Não me vejo como antes, aquele que sempre duvidou da potência de seu sangue elfico. Agora, porém me vejo capaz das maiores façanhas que meus irmãos de raça são capazes.

Lua, oh Lua! Eu te dou meu amor. Dê sua coragem também!

Pelo poder do três vezes três, que assim seja por que assim eu desejo.

Namárië!

Um comentário:

Anônimo disse...

Não sofra meu amigo, conforte-se nas forças do tempo e faça da solidão um momento de encontro com seu espirito, permita que o destino se encarregue de presentia-lo com novas surpresas!
Abs