22 de janeiro de 2009

Diferentes fases

Não há muita diferença entre o ontem e o hoje. Nosso cabelo não melhora, nossa pele não muda, os olhos sempre serão uma janela pra alma. Ontem meu dia foi cheio de coisas que eu fiz não sei nem pra quê, mas fiz. Existe, claro, os raros momentos em que o mundo parece não se dar conta de que não está me perturbando e eu consigo fazer só o que gosto, ou o que quero. Ontem eu tive alguns momentos desses. Hoje eu os terei. Quem sabe amanhâ?

É estranho pensar em como se conta o tempo. Dias, anos, décadas. Em todo esse tempo, o dia precedeu a noite. As horas foram sempre se revezando uma após outra. O mundo corria, desenfreado que só, sem nem se preocupar com isso. Ninguém me disse o quão insignificante eu sou pro tempo, só me lembram do quanto ele tem que importar pra mim. Ele passa, eu não. Acho que há uma troca de valores, mas não sou eu que vou questionar. Não há tempo pra isso.

Ontem eu era um menino, hoje ainda não sou velho. É um meio termo muito grade que temos que enfrentar. E perdidos assim, nesse mar entre aproveitar a juventude e aproveitar a velhice, só nos resta fingir que sabemos o que estamos fazendo. O que muda nessa dança do tempo é minha vontade pelas coisas da vida.

Hoje li mais, ouvi novas músicas, provei um suco diferente dos de sempre. Hoje eu conversei abertamente com alguém de quem gosto muito, mas que nunca teve muito tempo pra mim. Fiz um novo amigo só em aceitar o velho amigo que resolveu mudar coisas em sua vida. Hoje eu me desculpei comigo mesmo por ser sempre tão crítico e entendi que apesar de não notar muita diferença entre o ontem e o hoje, sempre tenho esperança no amanhã.

21 de janeiro de 2009

Fases

A vida está desinteressante. É um sentimento estranho de se assumir. O tédio, a falta de novos elementos, manter sempre a mesma estatura diante da vida. Um círculo de vícios os quais nós escolhemos e dos quais acabamos enjoando, mas não notamos até que seja doloroso demais nos afastar deles. Tudo o que sobra intacto é uma coagida vontade de crescer. Perdida, assustada e quase sem visão.

Sinto-me incapaz até mesmo de manter o contato com outras pessoas. Como se a aproximação de alguém jogasse sal na ferida aberta pela minha inércia. É como se eu caçasse na minha mente assuntos pelos quais as pessoas se interessariam e só encontrasse um grande escuro vazio. Acabo crendo que nada em mim pode interessar a ninguém. Nada em mim parece interessar a mim mesmo. E por mais que eu retire a depressão como poeira varrida do armário, ainda há o vazio. Espaços em prateleiras destinados a uma vida menos oca. Os dias se tornaram uma sucessão de textos, imagens, rostos e paisagens que por fim não animam mais como antes. Desbotaram enquanto eu olhava para dentro de mim e eu não me dei conta.

Penso nas escolas que fiz e quão equivocadas elas foram. Analiso se me ative demais a coisas de menos. Se eu foquei a atenção em apenas um algo quando deveria partilhar essa atenção com outras tantas. Algo que deveria me ater quando todo o resto já estivesse encaminhado. Nada disso me adianta agora, ainda que seja inevitável o pensamento. Tudo agora está desinteressante, e ainda assim eu devo seguir em frente até ver a luz no fim desse túnel. Seja essa luz a saída ou seja o trem da vida vindo me atropelar.