24 de junho de 2009

Atras da porta.

A casa estava cheia. Amigos, convidados, espalhados por todos os lados, festejando. Através das muitas janelas e vão abertos da casa, a luz vermelho alaranjada do sol poente banhava a tudo deixando a atmosfera utópica. A música harmonizava ao ambiente, suave e baixa, permitindo que a conversa e os risos prosseguissem sem problemas. Taças de vinho, copos de cerveja e outras tantas bebidas circulavam. Uma mesa farta garantia que ninguém saísse insatisfeito de lá. E, do modo como todos estavam rindo e se divertindo, não haveria esse risco a correr.
O anfitrião cruzou os cômodos verificando se tudo estava bem. Sorria e retribuía comentários passando em direção ao toalete. “Só um momento” disse enquanto adentrava o cômodo. Fechou a porta, trancando-a, deixando lá fora toda a gente. Foi até a pia e abrindo a torneira curvou-se. Com as mãos em concha molhou a face. Ao levantar, abriu os olhos ainda com as mãos na altura do rosto. Deparou-se com a própria imagem refletida no espelho. Por indefinidos centésimos de segundos ele permaneceu estático, até que o impulso o levou a cobrir a boca sufocando um soluço de choro.
O calor das lágrimas perdia-se quando se misturavam com as gotas frias do rosto ainda enxaguado. O pranto e a avalanche de emoção escoavam como a água da torneira ainda aberta. Esforçava-se para conter qualquer sinal que provocasse alarde ao mundo do outro lado daquela porta. Ali, naqueles poucos metros em meio à casa cheia, ele encarou a verdade dentro de si:
Jamais se sentira tão só.

Um comentário:

Fiu disse...

É um texto bem clichê, mas me foi soprado aos ouvidos enquanto eu dormia.