9 de dezembro de 2008

Eu e Ele.

Muito já me falaram dele. Já o descreveram inumeráveis vezes com todos os detalhes que se pode, ou se quer. Cada hora alguém fala de uma forma diferente dele, mas no fundo é sempre do mesmo que falam. Grande, forte, belo, cheio de energia. Maravilhoso de se ter como companheiro, revigorante com sua simples presença. Alguns dizem que a vida fica sem graça quando ele não está perto, outros tem uma grande mágoa dele. Essa ambigüidade só o torna mais real.

Nunca o conheci. Não fomos apresentados pelo que me lembre. Sempre o vejo nos lugares que vou. Bonito, amigável, divertido, bem quisto. Muitos querem sua companhia, ele se desdobra pra agradar e sempre consegue deixar a todos satisfeitos. Meus amigos falam dele com muito entusiasmo e acho até que ficariam felizes se eu viesse a conhecê-lo, mas por hora tudo o que faço é ouvir as histórias que me contam sobre ele. Já andei flertando com ele, mas nunca nos aproximamos. Sempre nos falta oportunidade. Há sempre muita confusão e nossos caminhos desencontram.

É engraçado que ainda assim eu sonhe com ele. Há uma tendência forte pra que nós nos entendamos muito bem e sejamos muito próximos, mas ainda não aconteceu. Algumas vezes eu acho que ainda não devo ter contato com ele. Há muitas coisas nele que não entendo. Outras vezes acho que eu é que não estou pronto a tê-lo em minha vida. Eu tenho muito que crescer e criar antes de podermos conviver.

Há muito dele na minha família. Muito do que ele pode me dar, eu já recebo dos meus amigos. Eu mesmo vejo em mim muito dele. Ainda assim eu o quero pra mim. Não pra me completar, ou pra que eu tenha experiências com ele assim como meus amigos tiveram. Eu o quero pra que eu possa dizer dessa vida que fui pleno. Que provei de tudo. Até mesmo dele. O amor.

4 de dezembro de 2008

Ensimesmado

Ando tão perdido em mim que não consigo enxergar ao meu redor. As coisas desandam e eu não sei como agir. Parece que eu me tornei covarde demais pra enfrentar minha própria covardia. Eu tentei me organizar. Empilhei caixa por caixa, papel por papel, juntei todo o lixo. Agora tenho um mundo de coisas a minha volta que não sei como se formou e nem o que fazer com ele. O vento parece que não entra pela janela. Acho que a porta está bloqueada com tanta coisa na frente, mas sentado em meio a mim não consigo ver.

É desanimador estar aqui. Olhando pro teto e só vendo o lustre apagado. A lâmpada está com mau contato e sentado aqui eu não posso trocá-la. Minhas pernas estão dormentes, mas no meio das bugigangas eu não vejo apoio pra me levantar. Eu grito por ajuda, mas ninguém vai me tirar daqui sem bagunçar tudo. É cômodo estar aqui. Olhando tudo vejo que não tenho saída se não desordenar tudo. Eu não gosto de bagunça e por isso não gosto de sair daqui sem que tudo esteja arrumado. Lá fora eles vivem na bagunça, mas aqui eu controlo tudo. Tudo menos a minha coragem.

Ando tão enterrado em mim que não me satisfaço com nada. Por mais que de quando em vez alguém me traga alguma coisa, parece que acaba rápido demais. Já estou ficando com fome. Sede então, nem se fala. Minhas costas doem, mas não encosto. Se encostar tudo desaba, cai na minha cabeça e ai mesmo é que eu fico preso aqui pra sempre. Começo a entender que o jeito vai ser abrir caminho derrubando tudo eu mesmo.

5 de novembro de 2008

Noitada

Excitação. É noite, e o eterno ritual será realizado novamente. Cada membro enfeita-se com suas melhores peles, plumagens e pinturas. Chifres, metal dourado e prateado, pedras coloridas, flores, tudo é adorno. Cada um busca criar pra si uma imagem diferente visando chamar atenção de algum parceiro. Todos da mesma espécie, porem com profundas diferenças entre os indivíduos. Todos buscando os mesmos frutos, sabores que aguçam os mais diferentes paladares.

Homens e mulheres, do mais forte guerreiro ao mais simples ceramista, aglomeram-se nas diferentes ocas. Cada tribo tem seus territórios, contudo os homens vivem cruzando as fronteiras. Se paga o tributo do ritual com parte da preciosa caça de todos os dias. Todos são bem vindos desde que sejam de paz.

No interior da estrutura a magia permeia a tudo. Cada palhoça tem seu poder e magias próprias. Tochas coloridas, reflexos dos cristais, fumaça alucinógena, bebidas. Todas fazem com que se entre no fascínio da cerimônia. Ouve-se então o som das grandes flautas aborígines. Os xamãs aquecem os tambores e percussão. Batidas rítmicas aceleram no compasso do desejo da massa. Tudo vibra e tudo pulsa. Está iniciado o ritual.

No calor e na penumbra o homem dança. Exalta sua individualidade ao som da mistura instrumental. Cada um faz seu rito particular em meio ao grande cerimonial. Alguns comungam com suas divindades próprias buscando liberar a tensão e medo. É uma dança solitária na qual o espírito perde o limite do corpo. Outros enaltecem a si buscando o acasalamento e deleite. Corpos se esbarram, entrelaçando mãos, confundindo os limites de si, trocando cheiros de suor e perfume, chocando quadris e criando o caos da volúpia.

Todos completam o grande encantamento. A terra treme emanando a energia ali gerada. Os espíritos daqueles homens e mulheres atingem o êxtasi. Há aqueles que se frustram e acabam por não ascender ao clímax, mas mesmo esses têm seu ganho. Quando o sol nasce, muitos já se foram e muitos ainda continuaram até que a musica pare. O homem vai embora, mas sabe que pode voltar num novo ritual buscando novas experiências. Assim se completa o ritual de prazer.

3 de julho de 2008

Sem Motivos...

Como não gostar de alguém?

Quem souber que me ensine e que seja rápido.

Meu coração tem pressa.

Pra que me dar ao trabalho de querer, se no final tenho que ‘desquerer’?

Maldição, só pode! Carma que nem mil vidas superam.

Queria eu não gostar de ninguém. Tudo seria simples.

Mas o diabo do coração não pensa e mesmo que pensasse...

Arrumaria desculpas!

26 de junho de 2008

Do Mundo de Sofia...

Cansados da eterna luta por abrir caminho pela matéria bruta, nos jogamos, apressados, rumos aos braços do infinito.

Mergulhamos em nós mesmos e criamos um mundo novo.

Henrik Steffens.

10 de junho de 2008

O Ferreiro

Bate, rebate.

No silencio, no escuro.

Tão alto quer reverbera.

Bate, rebate.

Cada batida estremece todo o corpo.

É quase uma convulsão.

Bate, rebate.

Como martelo no metal quente.

Metal que está partido.

Bate, rebate.

De tanto crescer e encolher.

Por ser aquecido e de súbito resfriado.

Bate, rebate.

Moldando o músculo partido.

Fundindo os pedaços do meu coração.

9 de junho de 2008

Por que eu deixei você.

Te deixei por que estou apaixonado por você. E por que não é isso que você sente. Eu te deixei por que eu penso em você sempre. Quando estou nervoso, quando estou feliz, quando tudo está uma merda, e quando quero dividir minha felicidade. Por que quando eu mais não quero pensar em você, e me desconcentro, e me desligo de tudo, é você quem me vêm à cabeça. Deixei por que não é recíproco. Por que eu sou seu amigo, mesmo sem querer.

Eu te deixei por que eu preciso lembrar como é não ter você.

Eu acho lindo o seu sorriso, e como você sempre sorri. Adoro como faz cara de safado quando tem um segredo. E sua cara de carente quando eu tenho um segredo. Eu adorei cada uma das muitas pessoas maravilhosas que me apresentou. Adoro te olhar dançando com suas amigas, inventando passos e modos. Até quando dança o ritmo que eu não gosto, se divertindo e me divertindo. Como ganha atenção das pessoas com sua voz sem volume e seu jeito espalhafatoso. E quando fala do que gosta, e me mostra, e me ensina a gostar. É lindo quando põe meus óculos e faz pose. Ou quando penteia a franja e se faz de emo com cara de choro. Quando deita a cabeça no meu ombro. E o seu abraço.

Eu me apaixonei sem querer. Sem poder. Sem por que.

E é assim que deixo você. Sem querer. O porquê existe. Você quer minha amizade e eu quero você por inteiro. Que triste a nossa história. Eu não posso ter seu amor como meu desejo pede, e não posso agora lhe dar minha amizade. Em um outro momento seriamos grandes amigos. Somos grandes amigos. Dói muito deixar você, mas dói menos do que estar do seu lado sem te ter. Deixa essa tempestade, dentro de mim, passar. Deixa o sol sair no meu peito. Me deixar ver e arrumar o que sobra quando a calmaria chegar. Ai sim eu saberei se posso te dar só o que você me pede.

Pelo poder do três vezes o três. Que assim seja por que assim eu desejo.

Namaste!

20 de abril de 2008

lição de casa

Pare!

Olhe. Escute.

Prossiga!

Não! Foi rápido demais.

Pare! (vamos de novo)

Olhe. Escute... Com atenção.

Prossiga!

Mas não assim! Foi muito rápido outra vez.

Pare! (tente fazer certo agora)

Olhe. Escute... Atentamente.

Pense! Não muito. Seja prático.

Aprenda.

Agora tente novamente.

Prossiga!

28 de fevereiro de 2008

diálogos

conheço alguém que, mesmo sem ter o padrão de beleza que se impõe, me chama atenção de algum modo. Crio contato com essa pessoa e descubro que é além de charmoso, inteligente e educado. Até um pouco arrogante como eu, o que só me deixa mais atraído. Crio mundos de expectativas e fantasias mesmo sem embasamento pra tanto. Acho que é recíproco, depois não acho mais, depois acho de novo. Acabo por enfiar os pés pelas mãos e expondo pra pessoa o que creio. Recebendo geralmente gentis respostas de quem não quer me dizer diretamente que não tem a menor atração por mim, mas aceita ser meu amigo por que eu a faço bem com meus elogios e meu humor acido.

eu quero regurgitar isso de mim.


eu sou inteligente, bonito (dentro do possível), divertido, educadíssimo, sei me expressar (mais ainda preciso aprender a técnica dos dedos!), comunicativo, extrovertido até demais (o que me ajudaram bastante a redefinir), gentil, carinhoso, fiel, companheiro, e flexível (com tendências a maiores flexibilidades futuras)... Qual meu pecado?


Agora me sinto cinza. Sem vida nem morte. Vazio, mas cheio de pensamentos que quero avaliar.
cinza. Que não chama atenção, mas que não desclassifica ninguém. Eu estou neutro. É bom e ruim. É... Sem ser. Neutro por hora simplesmente é. Nem bom nem ruim... É melhor do que ser algo que me traga dor e me tire a razão.


tudo dói... Pensar em beijo, olhar alguém bonito, imaginar ficar com alguém. Tudo.
eu prefiro não ser por enquanto.

Pelo poder do três vezes três, que assim seja por que assim eu desejo.

Namaste!

8 de fevereiro de 2008

Novo Ciclo

Velhas magias se desfazem a minha volta. A beleza que antes cobria até o mais sinistro vale, hoje já se desfaz por completo a minha frente, e eu sozinho tenho que encarar a bagunça que foi deixada após a tempestade.


Esta idade me trouxe mais do que dores nas juntas, e ainda não as tenho. Trouxe também uma sabedoria que desconhecia a um dobrar de ampulhetas atrás. Hoje já me sinto diferente de ontem. Mais cômodo comigo. A alma se moldou a armadura ou foi o oposto? É como subir um degrau a mais na estrutura do mundo. Daqui hoje, vejo o que ontem não conseguia. Que estranho pensar que só elevei-me um passo.


A deusa Lua orienta ao resguardo, e de fato é do que sinto necessidade. Meu novo horizonte é demasiado vasto, e quero tempo para estudar suas estrelas. Perceber que novas nuances elas formarão com as constelações já existentes em meu céu, saber que novas previsões poderão me ilustrar essas novas perolas celestes. Esse novo firmamento se faz profundo e com estrelas mais brilhantes. Quero esquadrinhá-lo o quanto antes, para que o novo solstício de minha essência traga um novo turbilhão de constelações.


Pelo poder do três vezes três, que assim seja por que assim eu desejo.

Namaste!

23 de janeiro de 2008

Anuncio

Procura-se parceria para relacionamento casual com possibilidades de compromisso sério num futuro em médio prazo.
Pré-requisitos:
- Temperança (qualidade ou virtude de quem é moderada ou de quem tem o poder de moderar os apetites e as paixões; parcimônia; sobriedade);
-
Extroversão (tendência de um espírito a dirigir para o exterior a sua atenção e as suas emoções)
- Sociável (próprio para viver em sociedade; que tende para viver em sociedade; civilizado; dado);
* Indispensável: Inteligência, bom humor, e disposição (estado de temperamento ou de saúde; tendência, predisposição, inclinação; desígnio, intenção).
Benefícios:
- Companheirismo, dedicação, carinho, bons momentos, diversão, novas experiências de vida, bom sexo com melhoras constantes na qualidade e quantidade.
Dias de Trabalho:
A definir com flexibilidade parcial
Obs.*: Contrato exclui qualquer tipo de censurar, embaraço ou impedimento em se tratando de trabalho, estudo ou família.
Local de Trabalho:
Os mais variados possíveis, também a definir com flexibilidade.
Atividades:
Tudo que se enquadre dentro de um relacionamento afetivo casual. “Namoro”; Noitadas; Atividades culturais (teatro, cinema, exposição, etc.)
Obs. **: É extremamente importante o equilíbrio entre períodos com o parceiro e os amigos. Contudo, a interação destes também é necessária.

Nota: beleza como sendo um requisito subjetivo não será enquadrado nesse anuncio, estando a mercê do gosto do anunciante e do candidato.

Pelo poder do três vezes três, que assim seja por que assim eu desejo.

Namaste!